29 janeiro, 2011

Portugal tem hospitais pouco amigos dos bebés

Poucos estabelecimentos encorajam mães ao aleitamento materno


Há 30 anos que Portugal aderiu ao Código de Ética dos substitutos do leite materno, biberões e retinas para proteger e encorajar a amamentação, mas ainda existem muitos hospitais que, nesta área, não são amigos dos bebés, denunciou uma pediatra, escreve a Lusa.


A crítica é de Leonor Levy, pediatra e especialista em aleitamento materno, que na terça-feira lança o livro «Um acto de amor», que se anuncia como um guia com «tudo o que precisa de saber para amamentar o seu bebé com sucesso».

Em declarações à Lusa, Leonor Levy esclareceu que o objetivo deste livro é um só: «Ajudar».

Para a especialista, que é membro da Comissão Nacional «Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés», que integra o Comité Português para a Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) desde 1998, ajuda é precisamente o que as mães precisam para conseguirem alcançar o objectivo de amamentar o seu filho.

No hospital, essa ajuda passa por um ambiente amigo dos bebés, que proporcione uma mamada na primeira hora de vida das crianças e esclarecimentos para que as dificuldades sejam ultrapassadas à medida que surgem.

Já em casa, a mãe deve receber essa ajuda através de um ambiente tranquilo, para que possa dedicar-se em pleno à criança.

Existem, contudo, muitos factores externos que podem contribuir para a ideia de que o leite materno pode, ou deve, ser substituído por leites artificiais, apesar de Portugal ter aderido a um Código de Ética que proíbe este tipo de mensagens.

Em 1981, Portugal aderiu ao Código de Ética dos substitutos do leite materno, biberões e retinas, cujo objectivo é «contribuir para assegurar ao lactente uma nutrição adequada, protegendo e encorajando a amamentação e assegurando a utilização apropriada dos substitutos do leite materno».

Este Código - que contempla as condições de comercialização dos substitutos do leite materno, constitui juntamente com as normas que regulamentam os padrões de qualidade dos mesmos substitutos, um documento indissociável e foi elaborado tendo em atenção a saúde da criança é ainda, 30 anos depois violado por muitos hospitais que não são amigos dos bebés.

No seu livro, Leonor Levy recorda que «a publicidade agressiva a partir das casas produtoras de leite conseguiu atingir os seus objetivos nos anos 50 e 60, chegando-se mesmo a pedir a demonstração da supremacia do leite materno em relação ao leite de vaca», o que terá sido uma «das causas do declínio da amamentação».

Este tipo de publicidade é proibido pelo Código de Ética, proibição que «é continuamente desrespeitada».

«Basta visitar alguns hospitais onde nascem crianças para observar inúmeras referências a marcas que vendem leite artificial, biberões e tetinas» e alguns estabelecimentos oferecem às mães pacotes com brindes deste tipo.

Para a especialista, «comparar o leite de vaca com o leite materno é como equiparar o pronto a vestir e a alta costura».

Estima-se que 95 por cento das mulheres saem das maternidades a amamentar os filhos, mas «muitas dessas mães desistem de amamentar o seu filho durante o primeiro mês de vida do bebé».

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a criança seja alimentada exclusivamente com o leite materno até aos seis meses.

Fonte: IOL Diário

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