Poucos estabelecimentos encorajam mães ao aleitamento materno
Há 30 anos que Portugal aderiu ao Código de Ética dos substitutos do leite materno, biberões e retinas para proteger e encorajar a amamentação, mas ainda existem muitos hospitais que, nesta área, não são amigos dos bebés, denunciou uma pediatra, escreve a Lusa.
A crítica é de Leonor Levy, pediatra e especialista em aleitamento materno, que na terça-feira lança o livro «Um acto de amor», que se anuncia como um guia com «tudo o que precisa de saber para amamentar o seu bebé com sucesso».
Em declarações à Lusa, Leonor Levy esclareceu que o objetivo deste livro é um só: «Ajudar».
Para a especialista, que é membro da Comissão Nacional «Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés», que integra o Comité Português para a Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) desde 1998, ajuda é precisamente o que as mães precisam para conseguirem alcançar o objectivo de amamentar o seu filho.
No hospital, essa ajuda passa por um ambiente amigo dos bebés, que proporcione uma mamada na primeira hora de vida das crianças e esclarecimentos para que as dificuldades sejam ultrapassadas à medida que surgem.
Já em casa, a mãe deve receber essa ajuda através de um ambiente tranquilo, para que possa dedicar-se em pleno à criança.
Existem, contudo, muitos factores externos que podem contribuir para a ideia de que o leite materno pode, ou deve, ser substituído por leites artificiais, apesar de Portugal ter aderido a um Código de Ética que proíbe este tipo de mensagens.
Em 1981, Portugal aderiu ao Código de Ética dos substitutos do leite materno, biberões e retinas, cujo objectivo é «contribuir para assegurar ao lactente uma nutrição adequada, protegendo e encorajando a amamentação e assegurando a utilização apropriada dos substitutos do leite materno».
Este Código - que contempla as condições de comercialização dos substitutos do leite materno, constitui juntamente com as normas que regulamentam os padrões de qualidade dos mesmos substitutos, um documento indissociável e foi elaborado tendo em atenção a saúde da criança é ainda, 30 anos depois violado por muitos hospitais que não são amigos dos bebés.
No seu livro, Leonor Levy recorda que «a publicidade agressiva a partir das casas produtoras de leite conseguiu atingir os seus objetivos nos anos 50 e 60, chegando-se mesmo a pedir a demonstração da supremacia do leite materno em relação ao leite de vaca», o que terá sido uma «das causas do declínio da amamentação».
Este tipo de publicidade é proibido pelo Código de Ética, proibição que «é continuamente desrespeitada».
«Basta visitar alguns hospitais onde nascem crianças para observar inúmeras referências a marcas que vendem leite artificial, biberões e tetinas» e alguns estabelecimentos oferecem às mães pacotes com brindes deste tipo.
Para a especialista, «comparar o leite de vaca com o leite materno é como equiparar o pronto a vestir e a alta costura».
Estima-se que 95 por cento das mulheres saem das maternidades a amamentar os filhos, mas «muitas dessas mães desistem de amamentar o seu filho durante o primeiro mês de vida do bebé».
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a criança seja alimentada exclusivamente com o leite materno até aos seis meses.
Fonte: IOL Diário
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